Já ouviu ou falou essa frase: ah eu só posso ter o dedo podre, não é possível! Em todo relacionamento eu vivo a mesma coisa”.
No consultório escuto muito essa frase e geralmente acompanhada por histórias assim: “poxa ele era tão legal, tão charmoso, pena que estava indo estudar no exterior”, ou “ele era tão fino, conversava sobre qualquer assunto, gentil, polido e superdivertido, mas tinha uma questão com os filhos” ou “ela era sensacional, uma pessoa do bem, companheira, atenciosa, mas tinha receio de me machucar, porque estava confusa quanto ao que queria ela não sabia o que queria”
É só olhar com atenção que se pode ver um mesmo padrão de escolhas, o chamado “dedo podre”. As escolhas recaíram sobre pessoas indisponíveis para relacionamentos duradouros e saudáveis. E o mesmo padrão de comportamentos, pensamentos, consequências e respostas são os mesmos: “tenho dedo podre, escolho sempre errado, achei uma pessoa maravilhosa, estou apaixonada (o) e agora descubro que o relacionamento não vai dar certo, sinto um misto de tristeza e desesperança para o futuro. Acho que nunca vou ter alguém para mim, construir uma família. “
Durante a vida é natural passar por decepções amorosas, entretanto a repetição do tipo de decepção é o seu alerta para a Síndrome do dedo podre. Sofrer com essas escolhas é mais comum do que se desejaria, assim como, desconhecer do que está por trás dessas escolhas tão frustrantes.
Vivemos no mínimo 2/3 do nosso tempo fazendo escolhas, e poucas vezes nossas escolhas são frutos de reflexão. Veja aqui: tomo café agora ou depois? Ponho esta ou aquela roupa? Vou ou não ao happy hour? Compro ou não aquele título? Faço isso agora ou deixo para depois?
Isso significa que cada escolha que se faz já está embasada em conhecimento, informações, crenças, valores, experiências, costumes, entre outros. Da mesma forma é comum que a percepção sobre os acontecimentos vividos tenha sido distorcida durante o tempo. Essa distorção é da natureza humana e todo ser humano passa ora ou outra pela distorção cognitiva! O mesmo se dá em relação ao amor: a maneira como a nossa família nos apresenta o amor é um fator preponderante na forma como lidaremos com o amor ao longo da vida. Passamos então a desenvolver nossas crenças e de acordo com elas vamos sentir, pensar e nos comportar. Por exemplo, uma crença de desvalor pode ser compensada por um jeito de ser “perfeccionista”. Nesse caso cérebro criou uma estratégia compensatória para lidar com o desvalor. Ou seja, “se eu fizer tudo perfeito, certamente terei algum valor e me afastarei da dor de ser desvalorizada. E seu eu não conseguir fazer perfeito, melhor não fazer, o que me leva também a afastar a dor de me ver desvalorizada. Por outro lado, se você vem de uma família com poucos limites, pode desenvolver crenças de desamparo, e para lidar com isso o cérebro autorresponsabilidade exacerbada, ou u seja, acredita que se você não agir, ninguém o fará. Agora, se a família é dominadora e você é constantemente reprimida, possivelmente desenvolverá crenças de inadequação e de que não merece ser amada, e assim por diante.
Isso tudo têm forte influência sobre nossos comportamentos. As nossas experiências comandam o padrão de funcionamento de nossas escolhas, logo, também comandam as escolhas relacionadas a um padrão “dedo podre”.
Além das nossas vivências e nossa percepção delas, continuar escolhendo relações com padrões comportamentais semelhantes tem a ver com a necessidade do ser humano de repetir o mesmo hábito, porque isso é mais confortável para o cérebro, já que ele tem a função de poupar energia, nos manter estáveis e está fortemente relacionada à sobrevivência.
Repetir padrão comportamental passa por tudo isso. E já que as escolhas passam por tudo isso, seria melhor poder fazer escolhas saudáveis, sustentáveis no tempo e no espaço que tragam prazer em viver o amor.
Por vezes vc fica tão amarrado em seus pensamentos sofridos, nas perdas, nos fracassos amorosos que não consegue olhar de outro ângulo, sempre se apaixonando pelo mesmo tipo de pessoa e repetindo o ciclo da dor.
Saiba que pensamento não são fatos, e que, portanto, você não está destinado a ser infeliz pelo que pensa. Podemos identificar as crenças, criar novas ou reestrutura-las para criar padrões mais funcionais! É assim que fazemos em psicoterapia, desvendamos quem somos, a nossa forma de lidar com o mundo e alteramos para aquilo que nos traga mais bem-estar.
Se você se identificou ou conhece alguém que se encaixe no comportamento descrito por este texto e que precisa da ajuda de um psicoterapeuta, compartilhe ou entre em contato conosco.