A angustia de nunca ser suficiente

Muitas pessoas tem a sensação de nunca satisfazerem aos pais, parceiro (a), família, amigos e chefes. É rotina no consultório as pessoas chegarem machucadas internamente, pela dor causada pelos sentimentos de nunca serem suficientes. É de fato uma dor lancinante que se desdobra em outros problemas sérios.
É uma emoção que surge geralmente das comparações, ah seu primo tem sempre notas melhores que você; nunca foi preciso mandar sua irmã arrumar as coisas; sua amiga é mais inteligente que você; seus amigos estão sempre com namorada, só você está sempre sozinho; fulano já comprou até carro e vc nem consegue pagar um consórcio; ciclano já é chefe e vc não consegue uma promoção há 3 anos; beltrana mantém os 2 filhos numa escola particular importante e vc não consigo pagar nem para 1 filho só.
As comparações assim são mais comuns do que se gostaria e podem partir de você mesma, ou de inclusive de pessoas imbuídas de boas intenções. Pais exigentes, trazem essa característica e seus filhos tendem inicialmente a reproduzir o modelo que tiveram.
Ficar se comparando leva para uma sensação de incompletude, por exemplo, Zuzu acha que para fazer uma apresentação, sempre precisa estudar mais! Faz dezenas de pesquisas sobre seu tema e acredita que ainda precisa mais e mais e na realidade continua com a sensação de não estar bom, não está suficiente. Vai que alguém faz uma pergunta, eu não saiba responder!
Zuzu sofre intensamente por não confiar no que sabe, e fica fazendo cursos e mais cursos sem fazer seu trabalho.
Consequências: Não ganha, logo tem problemas financeiros, sua autoestima fica mais prejudicada porque comprova ser insuficiente, desenvolve as crenças de limitação, incapacidade, perpetuando sua escassez de ações e claro, de dor.
Zuzu acredita que precisa estar com tudo perfeito e completo para fazer ou ter o que deseja. Não consegue mais perceber sozinha que já tem o suficiente para executar e nem perceber que se for necessário é possível criar rotas alternativas. Sabe quando o GPS constata a necessidade de recalcular a rota? Pois é, é uma condição da natureza poder usar essa flexibilidade, recalcular, replanejar a nosso favor.
É importante começar até para descobrir se quer destacar mais alguns aspectos e menos outros. Ao sentir que algo pode ser modificado para chegar no resultado que deseja, apenas mude.

Porém, Zuzu se define como insuficiente e entende que não deve se envolver em situações que a exponham. Se ela for suficiente para fazer sua apresentação e não usar essa competência e perder a oportunidade, irá sofrer. E ao mesmo tempo a crença será alimentada: “viu, você não dá conta nem sequer de apresentar o que estudou, você é mesmo insuficiente. Vê se aprende e não se mete mais nessas coisas”. Este comportamento de afastamento de novas situações é uma das mais comuns em relação às crenças limitantes e alimenta o ciclo de fortalecimento da crença.
Se você passa sofre com isso, pode buscar sua desconstrução se questionando:
Falhar significa ser insuficiente? ”, “será que essa é a única explicação? ”, “será que você não ter se apresentado não foi o fato que levou à sensação de insuficiência? ”. Você já tem informações necessárias ao objetivo de sua apresentação, então qualquer coisa além disso poderia, por exemplo, ser respondida num grupo digital? Perguntas assim ajudam a adaptar o pensamento à realidade objetiva e considerar que os pensamentos NÃO são fatos, e não precisam dirigir nossos comportamentos.
Se isso não for suficiente, busque ajuda de um psicoterapeuta, certamente juntos vocês chegarão a um viver descontraído e mais seguro.

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